Vice-presidente executiva Lauralee Martin fala com exclusividade para o Blog

Que a sustentabilidade já é uma realidade no segmento imobiliário a gente sabe. O futuro das construções deste setor, aliado ao avanço da tecnologia, promete grandes empreendimentos que beneficiem o meio ambiente e a sociedade como um todo. Mas existem empresas que já se destacam por prestarem serviços que auxiliam seus clientes na criação e desenvolvimento de estratégias ambientais. É o caso da Jones Lang LaSalle, uma consultoria de investimentos e serviços imobiliários de atuação global, que investe pesado em sustentabilidade ambiental e administração de energia dentro do segmento imobiliário com o objetivo de minimizar o impacto que as construções de imóveis comerciais trazem para o meio ambiente.
Lauralee Martin
Lauralee Martin

Falamos com exclusividade com a Vice-presidente Executiva e CEO da Jones Lang LaSalle para as Américas, Lauralee Martin, que destacou a importância de estratégias verdes para o desempenho financeiro das empresas, além de lembrar do potencial hidrelétrico do Brasil para geração de energia e opinar sobre a criação de um padrão de certificação de acordo com as características únicas do nosso país.

Confira a entrevista na íntegra:

1) Atualmente é comum ser mencionado na mídia que empreendimentos com características sustentáveis proporcionam retornos mais altos para seus proprietários, menores taxas de vacância (relação entre o número de imóveis disponível e o total construído) e relocações mais rápidas, além de maior satisfação por parte de seus inquilinos. A Jones Lang LaSalle concorda com estas afirmações? O percentual de empreendimentos com características sustentáveis tem crescido em seu portfólio?

Lauralee Martin: Um programa de peso no que se refere à energia e à sustentabilidade aumenta a capacidade de um empreendimento imobiliário atrair e reter inquilinos. Diversos estudos têm demonstrado uma correlação estatística entre estratégias verdes e desempenho financeiro de imóveis em termos de taxas de locação e níveis de ocupação.  Nossa experiência como gestores imobiliários e agentes de locação de imóveis confirma que essa tendência é real, e sempre aconselhamos os nossos clientes a investir em estratégias eficientes em termos de custo que melhorarão seus resultados financeiros.

Alguns proprietários estão interessados principalmente em estratégias de eficiência energética que possam gerar um ótimo retorno sobre o investimento.  Nós começamos fazendo uma análise completa do prédio para que possamos dizer ao proprietário quais estratégias gerarão as maiores economias de energia com o  menor custo.  Costuma ser possível reduzir os custos de energia em 10 a 15% sem gastar muito dinheiro.  E se os proprietários estiverem dispostos a gastar dinheiro para economizar ainda mais, há muitas estratégias energéticas que se autopagarão em dois ou três anos com a redução dos gastos com energia.

 Além da questão da energia, alguns proprietários querem que seus prédios sejam o mais sustentáveis possível.  Pode não haver um retorno direto como no caso da energia, porém há vários bons motivos que justificam um perfil de sustentabilidade.  Além de ajudar a atrair ocupantes em um mercado de locação competitivo, os prédios verdes podem ajudar as pessoas que lá trabalham a se tornarem mais produtivas.  As pessoas trabalham melhor quando seu ambiente de trabalho tem iluminação natural e ar de boa qualidade.  

 2)  O número de empreendimentos com certificações internacionais como LEED e BREEAM tem apresentado forte crescimento em diversos países. Ainda que apresentem grandes avanços em termos de uso eficiente de recursos naturais, são de difícil aplicação para a maior parte dos condomínios já existentes no Brasil. Como a senhora vê essa questão?  Vale a pena fomentar a criação de novas certificações ou adotar apenas algumas práticas existentes nestas certificações internacionais ao invés de buscar o selo?

LM: Temos ajudado prédios existentes de todo o mundo a receber a certificação LEED®, e a certificação é uma boa maneira de ser reconhecido por adotar práticas verdes, e isso é importante.

É bom considerar também práticas verdes que levem em conta a situação única do Brasil. Um alto porcentual da geração de energia no Brasil provém de hidrelétricas, e a energia hidrelétrica não é uma grande fonte de emissão de carbono.  Além do que, há água em abundância em muitas partes do país.  A principal questão ambiental no Brasil é o desmatamento – a derrubada de florestas tropicais para agricultura ou urbanização, ou simplesmente usar os recursos naturais mais rápido do que possam ser repostos.  Um padrão brasileiro para prédios verdes poderia focar essa questão.

3) Quais são, em sua opinião, as principais tendências envolvendo sustentabilidade em empreendimentos imobiliários hoje?

LM: Há ainda muitos prédios desperdiçando quantidades enormes de energia.  Esse continua sendo um ponto a focar, uma vez que o desperdício de energia custa dinheiro para os prédios, além de contribuir para o efeito estufa.

Uma nova tendência é a dos prédios inteligentes, nos quais diferentes sistemas podem “conversar” entre si e fazer ajustes automáticos, tornando o uso de energia muito mais eficiente.  Nossa solução IntelliCommand para prédios inteligentes vem ajudando nossos clientes multinacionais a reduzir em 18 a 24% os custos de energia e as emissões de carbono dos prédios.  Com o investimento em infraestrutura de rede inteligente de energia elétrica em algumas regiões do mundo, haverá muitas oportunidades para a redução do consumo de energia, algo parecido com o que aconteceu com a internet, que mudou muita coisa na nossa vida profissional e pessoal.

 Estamos também vendo cidades do mundo todo olhando para a sustentabilidade como parte importante de seu modo de administrar o crescimento.  Cidades grandes que não dispõem de um plano para manter uma boa qualidade do ar e para usar a energia e a água de forma inteligente terão dificuldade de atrair empresas que possam empregar suas crescentes populações, e também poderão criar problemas de saúde para muitos dos seus cidadãos.  Com o Rio de Janeiro sediando as Olimpíadas de 2016 e o Brasil sediando a Copa do Mundo de 2014, muita atenção estará voltada para como as cidades do país tratam dos desafios verdes.

 

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