Você costuma separar o seu lixo entre materiais recicláveis e orgânicos? Caso a resposta seja sim, saiba que seus esforços nesse sentido ainda são pouco correspondidos no Brasil: segundo um relatório divulgado pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), o índice nacional de reciclagem de resíduos sólidos urbanos era de apenas 3% em 2018.
Mesmo com esse baixo índice, separar os resíduos gerados é algo importante e promove não apenas ganhos para o ambiente como também economia de energia e de recursos.
Apesar de terem particularidades, o processo de reciclagem de vidro, plástico, metal e papel acaba tendo alguns pontos em comum.
A ideia principal aqui é fazer com que esses materiais retornem a um estado no qual sirvam de matérias-primas para outras aplicações. Nesse sentido, três deles são mais simples de serem manipulados: o vidro, o metal e o papel.
Considerando inicialmente esse trio, após a coleta seletiva todos eles são limpos para a remoção de resíduos — que podem ser desde alimentos a etiquetas, restos de produtos químicos etc. A partir daí, são triturados.
No caso do vidro, ele é aquecido a cerca de 1.300 ºC, o que faz ele fundir. Essa “pasta” é maleável, o que permite que ela assuma formas e dê vida a novos produtos. Algo bem mais interessante do que os milhares de anos que ele demoraria para se decompor na natureza.
Processo similar ocorre com o metal, que também é aquecido e fundido, sendo transformado em chapas que podem ser moldadas e originar novos produtos.
O papel, por sua vez, é limpo, fatiado e colocado em um tanque de água quente. Lá, ele é manipulado de forma a virar uma pasta de celulose. Em seguida, a água é drenada, e as impurezas são retiradas para sobrar apenas as fibras de celulose. O material é seco, prensado, alisado e enrolado em bobinas.
O caso dos plásticos, porém, é um pouco mais complexo. Aqui, o desafio é a grande diversidade de tipos produzidos, o que exige uma separação mais criteriosa, já que o processo como um todo pode ser comprometido caso haja misturas.
Feita a separação, eles são triturados, lavados e levados para equipamentos que amolecem o material e o transformam em um granulado, que é vendido às indústrias que os transformam em novos produtos.
DÚVIDAS COMUNS
Há limites de vezes que um material pode ser reciclado?
No caso de vidros e metais, desde que eles estejam limpos e tenham uma composição com pureza adequada, não há limites.
Os plásticos, por sua vez, podem ter alterações de propriedades conforme são reprocessados, o que é contornado com a adição de uma quantidade de polímero virgem para recuperação das propriedades.
Já o papel pode ser reciclado de cinco a sete vezes. Isso ocorre porque as fibras de celulose se degradam ao longo do processo. No caso do papelão, há a possibilidade de mais ciclos de reciclagem, uma vez que suas fibras são mais longas.
Antes de colocar o lixo para a reciclagem é preciso lavá-lo?
O ideal é que, ao menos, se passe uma água para retirar resíduos, especialmente os orgânicos que podem gerar cheiro ruim, causar a proliferação de fungos e bactérias e atrair insetos e outros animais.
Além disso, higienizar minimamente esses materiais evita a contaminação de outros produtos recicláveis e também ajuda a evitar problemas para os profissionais que atuam como funcionários das empresas de reciclagem e manipulam esses objetos.
Materiais como isopor, bitucas de cigarro e madeira podem ser reciclados ou reutilizados de alguma forma?
Alguns desses materiais sim. O isopor, por exemplo, pode ser reprocessado. Ele é separado, limpo e passa por um procedimento que retira o gás presente em seu interior. A partir daí, ele é amolecido, granulado e volta a ser matéria-prima.
No caso da madeira, ela pode ser triturada, limpa de impurezas e virar placas aglomeradas, muito comuns na fabricação de móveis e embalagens. Há ainda outros usos, seja como combustível para fornos e caldeiras, seja para a produção de papel. Ela ainda pode ser misturada com plásticos específicos para dar origem a um material chamado madeira plástica, que serve para aplicações como revestimentos, cercas, fachadas etc.
Por fim, bitucas de cigarro têm a reciclagem dificultada pela sua toxicidade. Ainda assim, há empresas especializadas que que as transformam em papel, adubo e matéria-prima para as indústrias siderúrgica, cimenteira e de papel.
FONTE: UOL/Tilt