Diante de uma nova realidade que tem nos obrigado a ficar muito mais tempo em casa, ter um lar aconchegante e acolhedor é hoje prioridade nos projetos. E as cores fazem toda a diferença para promover essas sensações e o bem-estar
Com a pandemia, o nosso lar ganhou um protagonismo enorme na promoção da saúde e no bem-estar das pessoas. Diante dessa nova realidade tem sido grande o movimento de pessoas na busca por um espaço mais saudável, muita gente até mudou de casa. Mas a grande maioria não consegue simplesmente se mudar, então fica mais fácil mudar a casa.
Nesse sentido, uma tendência forte hoje na decoração é deixar a casa cada vez mais acolhedora e as cores têm uma forte contribuição para isso. Elas ressaltam sensações, impactam no humor e até ajudam a combater os sintomas de muitas patologias. “Existem várias ciências que estudam a influência das cores sobre o cérebro humano e até mesmo em tratamentos medicinais como a cromoterapia. Na arquitetura e design não poderia ser diferente, as cores influenciam muito no ambiente e nas sensações que ele nos transmite”, explica a arquiteta Karla Patrícia, sócia do escritório Norden Arquitetura.
Segundo a especialista, as cores também passam pelos ciclos da moda, tanto que todo ano é eleita uma cor pela Pantone e outras empresas de estudo de tendências que indicam as influências do próximo ano. Mas, ela destaca também que, apesar das tendências, algumas cores se mostram atemporais e nos remetem muito mais do que simplesmente seguir a moda ou estilo que esteja em evidência.
Em tempos de pandemia, fomos obrigados a ficar muito mais tempo em casa, não só morando, mas trabalhando e até nos divertindo. Portanto, um lar que nos que transmita essa sensação de acolhimento e segurança passou a ser prioridade na decoração. “As cores da natureza sempre dão essa maior sensação de acolhimento, pois são tons os quais estamos biologicamente adaptados e acostumados. É algo intrinsecamente registrado no nosso subconsciente. Nessa paleta podemos destacar tons terrosos (terra), mas também azuis (céu e água) e verdes (água e vegetação). São tons que nos trazem sensações de tranquilidade e aconchego”, explica a arquiteta.
Sem regras
Porém, ao se pensar em renovar as cores da casa, muita gente imagina que o ideal seja um padrão monocromático. Mas Karla Patrícia afirma que a harmonia está mesmo no respeito ao estilo da pessoa ou da família e também na sensação de bem-estar que as cores transmitem. “Hoje em dia podemos misturar muitas cores na decoração e isso depende somente do gosto de cada um. Há pessoas que até adoram a monocromia e acham até mais prático assim, porém atualmente a cor vem ganhando cada vez mais destaque em paredes, cantos, tetos e até mesmo em grafismos que remetem ao estilo Memphis (estilo de design criado na Itália no começo dos ano 1980 e que abusava das cores fortes e não seguia padrões de formas)”, analisa a arquiteta.
Karla Patrícia afirma que não há, portanto, uma regra única e fixa para a aplicação das cores, mas algumas dicas podem ajudar no objetivo de se buscar essa renovação do ambiente. “É sempre interessante combinar o que já existe na casa com a paleta nova que está sendo aplicada. Verificar objetos de decoração, móveis e detalhes que a pessoa já tenha e reaproveitá-los, então é bom estudar se a proposta irá ficar equilibrada no final”.
A luz
E se as cores realçam sua casa, seus sentidos, seu bem-estar e até seu humor, uma boa iluminação realça tudo isso, acentuando ou suavizando tons. “A iluminação faz toda a diferença, claro, afinal a luz interfere na aparência da cor. Por isso, é importante buscar lâmpadas com alto IRC (índice de reprodução de cor) de ao menos 85% acima, isso significa que o vermelho será mesmo vermelho e não rosa ou vinho, além disso a qualidade de luz no ambiente importa. Para conseguir aconchego, a dica é sempre usar lâmpadas, que antigamente, eram chamadas de ‘quentes’, ou seja, de 2500 a 3000K (Kelvin – unidade de medida que remete a valores relativos às cores do sol).
Para quem está num imóvel alugado e quer dar um pouco do seu estilo ao ambiente, mas sem muitas e caras intervenções, as cores também ajudam muito. “O uso da cor em casas de aluguel, por exemplo, se torna um grande aliado para personalização daquele ambiente sem grandes intervenções e custos, além de tempo”, sugere a arquiteta.