Confira projetos de residências modulares totalmente estruturadas com o uso do material descartado
O uso de containers revolucionou o transporte de carga, mas o equipamento para uso terrestre tem uma vida útil que pode variar entre oito e 20 anos apenas. Depois disso, precisa ser descartado e pode ser recondicionado para uso na construção civil, reaproveitando o material. Essa prática começou nos anos 90, na Inglaterra, justamente pensando em dar uma destinação útil ao resíduo, transformando módulos em ambientes.
O container é fácil de se utilizar e pode ser montado para estruturas móveis ou itinerantes, já que pode ser facilmente transportado. Além disso, é uma edificação muito barata, chegando a custar 30% menos do que a construção de alvenaria, levando em conta desde a fundação da estrutura até os revestimentos. Além disso, é um material personalizável e versátil, permitindo a modulação a qualquer momento, mesmo após o término de um projeto.
Com todas as características positivas, o container ainda exige alguns cuidados. Essa grande caixa normalmente é feita de aço, alumínio ou fibra. Estes materiais são barulhentos por si só e não costumam oferecer conforto acústico a respeito dos barulhos exteriores. Estar em um container no meio de uma tempestade pode ser ensurdecedor! Por isso, é importante contar com bons profissionais para ter o melhor em termos de isolamento acústico entre os ambientes.
Além disso, o conforto térmico também pode não ser o ideal. Tanto o aço quanto o alumínio esquentam muito sob o sol e ficam gelados quando a temperatura cai. Por isso, o revestimento também precisa contar com a adequação para o uso humano, promovendo uma certa estabilidade da temperatura ou contando com suporte de equipamentos para regular o clima interno.
Apesar de seu uso ser ainda tímido no Brasil, muitas iniciativas no exterior já incorporam o uso dos containers para áreas amplas. É o caso da vila de estudantes na cidade universitária Le Havre, na França. Lá, prédios de quatro andares foram montados a partir de containers usados, dando lugar a 100 apartamentos de 24 metros quadrados por unidade.
Projetos inovadores
A Maison Container Lille é um projeto residencial construído pelo arquiteto francês Patrick Partouche. A casa é composta por uma estrutura de 8 containers, empilhados com a ajuda de um caminhão e um guindaste. A montagem durou três dias e o resultado final é uma casa com 240m² no estilo industrial, que conta com três quartos, escritório, sala, cozinha, garagem e dois banheiros.
Projetada pelo arquiteto Patrick Bradley em sua própria fazenda, a Grillagh Water House fica em Woodland, na Irlanda do Norte. O projeto é a primeira moradia construída com containers no país. Ao todo, quatro containers foram fundidos. As estruturas receberam tratamento especial para evitar o ferrugem ao longo do tempo, já que a região possui grande incidência de chuvas.
Localizada em Queensland, na Austrália, a New Build foi projetada pelo arquiteto Todd Miller. A residência foi construída a partir de 31 containers reciclados. Com 557m² de área construída, a casa possui 3 andares e conta com 4 quartos, 4 banheiros, sala de estudos, escritório, piscina e até uma academia. O projeto luxuoso levou quase 6 meses para ficar pronto e é a maior casa com containers da Austrália.
No Brasil, o empresário Antônio Carlos Leão investiu cerca de R$1 milhão para construir um condomínio na cidade de Piracicaba, em São Paulo, a partir de containers reciclados. O empreendimento — primeiro do tipo no Brasil — possui 28 apartamentos já mobiliados e distribuídos em dois prédios de quatro andares. O aluguel médio de uma das unidades (de 28m² cada) gira em torno de R$ 800.
Fonte: Estadão