Além de valorizar a iluminação e a ventilação natural, o projeto do Bloco Arquitetos conta com energia exclusivamente solar, mão de obra e matéria-prima locais
Construída em um dos biomas mais importantes do mundo, esta casa de 400 m² em Brasília foi inteiramente pensada por um viés sustentável. O casal de moradoras já frequentava a Chapada dos Veadeiros há anos e, quando adquiriram o terreno, tinham o intuito de usufruir do contato com a natureza, sem agredir o Cerrado. O projeto e o método construtivo desenhado pelo escritório Bloco Arquitetos Associados não deixou a desejar neste quesito.
Simples e funcional, o projeto conta apenas com duas suítes e uma grande área social com vista para a serra e para a mata. Todos os ambientes da casa têm iluminação e ventilação naturais. “Para propiciar a ventilação constante e impedir a entrada direta da luz solar nos ambientes, criamos um brise com toras de eucalipto natural. Além de ser repelente de insetos, é uma árvore de fácil cultivo”, destaca o arquiteto Henrique Coutinho, sócio de Daniel Mangabeira e Matheus Seco.
A fachada nascente da residência tem uma faixa mais estreita de proteção, enquanto a fachada voltada para o sol poente tem quase a totalidade da superfície vertical protegida por essa fileira de toras de eucalipto. “Como é uma área extremamente quente, temos também a cobertura em duas águas com saídas laterais de ar quente interno”, complementa. Como não há rede elétrica, todo o sistema de energia decorre da captação solar.
Ao aproveitar a mão de obra local, as paredes externas da casa foram construídas com tijolos de adobe feitos com barro da própria região. “A casa é levantada do solo para proteger as paredes de adobe contra o afloramento de água em estações de alto índice pluviométrico e evitar a subida de animais rastejantes”, explica Henrique. A cor rosa da estrutura metálica se adapta à terra ferruginosa e, por vezes, se une à serra, que reflete a cor rosada do pôr do sol na época da seca no Cerrado.
Fonte: Casa e Jardim