Especialista afirma que pelo menos 20% do mercado imobiliário de países em desenvolvimento precisa ter selo verde

prashant kapoorEm entrevista para a Revista Exame deste mês, Prashant Kapoor, especialista em construções verdes do International Finance Corporation (IFC) – braço do Banco Mundial para financiamento privado -, falou sobre sustentabilidade nas construções e da necessidade dos países em desenvolvimento estimularem o mercado imobiliário para o desenvolvimento de prédios verdes. O indiano também falou sobre a ferramenta EDGE (Excellence in Design for Greater Efficiencies em inglês), um selo verde que ajudou a desenvolver e que abre espaço para médias e pequenas empresas investirem em sustentabilidade.

Já que o nosso papel aqui é levar todo o tipo de informação relevante sobre a sustentabilidade, prédios verdes e o mercado imobiliário, resolvemos compartilhar a entrevista da Revista Exame na íntegra com vocês. Confiram abaixo:

1) Por que é mais urgente pensar em soluções verdes para a construção civil hoje?

Cerca de 30% da energia produzida é consumida pela construção civil, o que inclui a fase de construção e o consumo posterior nas casas e nos escritórios. O mundo está cada vez mais urbanizado, e os países emergentes estão vivendo um boom de construções. Se deixarmos a chance passar, será muito difícil corrigir depois.

2) A ideia de que a sustentabilidade custa muito mais caro ainda vigora na construção civil?

Sim. Há uma percepção por parte da maioria de que uma construção sustentável custa 30% mais caro, mas, segundo o World Green Building Council, entidade global responsável por disseminar práticas sustentáveis de construção, o incremento no custo oscila de 0% a 4%.

3) O que o IFC tem feito para auxiliar os países em desenvolvimento nessa questão?

Uma das estratégias é financiar brancos para que eles concedam empréstimos e invistam diretamente em construções verdes. Desde 2009, investimos 600 milhões de dólares. O mais recente aporte, de 60 milhões de dólares, foi feito numa construtora de Minas Gerais, a Canopus. Ela também foi a primeira no Brasil a conquistar um selo verde que ajudei a criar, o EDGE. A conquista da certificação está vinculada ao uso de um software que permite uma economia nas obras de até 20% no uso de materiais como água e energia.

4) Já existem dois selos para a construção verde no mundo, o LEED e o Acqua. De que maneira mais uma certificação melhora o cenário?

No mundo inteiro, essas duas certificações têm como alvo empresas de grande porte. O EDGE nasceu para provar que companhias médias e pequenas também podem construir de maneira sustentável e se beneficiar com isso.

5) O poder público incentivar a adoção de práticas sustentáveis na indústria da construção?

Os governos precisam criar os incentivos e dar o exemplo aplicando essas práticas nos próprios projetos. E o IFC tem ajudado autoridades a criar códigos de eficiência energética inteligente para suas construções.

6) Hoje, quais países são os melhores exemplos para edifícios verdes?

Na Europa, há leis que obrigam os edifícios a obter selos verdes, e isso transformou o mercado. No México, o setor financeiro tem desempenhado um papel central. Nos últimos quatro anos, 60% das hipotecas do país têm sido verdes – ou seja, seguem padrões sustentáveis.

7)  E o Brasil?

O país tem uma grande oportunidade de se tornar um dos líderes nesse setor. A construção civil deverá crescer 20% até 2020 no Brasil, e estou convicto de que a adoção de critérios de sustentabilidade será um imperativo.

E você, aposta que o Brasil será o novo líder do mercado de prédios verdes? Compartilhe sua opinião com a gente através dos comentários!

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