Muitos artistas utilizam seu talento para criticar diversos aspectos do mundo em que vivemos. A arte, por si só, já é capaz de despertar sentimentos variados nas pessoas, mas, ao utilizar materiais “improváveis”, o artista consegue encantar e propor uma reflexão a quem admira sua obra. Artur Bordalo é um desses artistas que, com sua técnica e ousadia, reaproveita materiais que iriam para o lixo e os transformam em belas esculturas nas cidades.
Nascido em Lisboa, Portugal, Bordalo costuma dizer que pertence a uma geração extremamente consumista, materialista e gananciosa. Todos esses adjetivos refletem o tipo de sociedade na qual vivemos, com produção excessiva de bens materiais e a consequente geração de inúmeros resíduos, descartados, na maioria das vezes, de forma incorreta no meio ambiente.
No entanto, o que é visto como lixo para a maioria das pessoas, para Bordalo, é fonte de inspiração. E mais: além de criar esculturas impressionantes reaproveitando materiais, ele ainda usa seu trabalho para chamar atenção para a importância da sustentabilidade. “Eu crio, recrio, reúno e desenvolvo ideias com materiais em fim de vida e procuro relacioná-los com a sustentabilidade, consciência ecológica e social”, explica o artista.
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Uma das séries de obras mais impressionantes de Bordalo foi batizada de Trash Animals (Animais em Lixo, em tradução livre) e destaca justamente o problema do descarte incorreto de resíduos e seus malefícios para o planeta. A ideia é retratar a própria natureza, neste caso os animais, a partir de materiais responsáveis pela sua destruição.
As obras são construídas com materiais descartados, a maioria encontrada em terrenos baldios, fábricas abandonadas ou aleatoriamente. Empresas que estão passando por algum processo de reciclagem também doam objetos para o artista.
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Para-choques danificados, rodas de bicicletas, latas de lixo queimadas, pneus e eletrodomésticos são apenas alguns objetos que podem ser identificados nas obras, após uma análise mais detalhada de cada peça. O fato de estes itens aparecerem camuflados indica uma crítica do artista aos nossos hábitos, que refletem pouca consciência ecológica e social. As obras de Bordalo podem ser encontradas em várias regiões de Lisboa e em mais de 20 países.
