Encontro aborda desafios, riscos e oportunidades para as cidades

Dois dias de discussão intensa sobre o urbanismo e seu papel impactante nas mudanças climáticas do planeta. Este foi o cenário em que a 4ª edição da Conferência Cidades Verdes se realizou, no auditório da Firjan, Centro do Rio de Janeiro, nos dias 27 e 28 de outubro.

Em seu quarto ano consecutivo, o encontro buscou alertar para a urgência das cidades reduzirem a emissão de carbonos na atmosfera, adaptando-as às mudanças climáticas inevitáveis. Considerando a meta de 20% da redução das emissões de todo o município do Rio de Janeiro até 2020, diversos especialistas discutiram o tema e seus desdobramentos em oito painéis ao longo dos dois dias de evento. A gente foi conferir os debates de perto e destacamos agora os principais pontos abordados. Confira!

Cidades precisam se adaptar

Para o Deputado Federal do Rio de Janeiro, Alfredo Sirkis, o cenário hoje é de necessidade de adaptação das cidades às consequências climáticas advindas das mudanças que nelas ocorrem.

“A cidade é um ecossistema de alta complexidade, pela sua ampla possibilidade de contatos humanos e interação com o meio ambiente. Na urbanização, a natureza não deve desaparecer e sim se transformar para continuar a interagir com os ambientes construídos”– afirmou em seu discurso de abertura. Também presidente da Comissão Mista de Mudanças Climáticas, Sirkis destacou a importância de se entender os diferentes tipos de emissões de gases de efeito estufa nas cidades:

Emissões NAS cidades – aquelas causadas por indústrias e centrais termoelétricas situadas nos centros urbanos ou suas periferias.

Emissões DAS cidades – aquelas inerentes à vida urbana, que podem ser reduzidas através de ações locais.

Segundo Sirkis, o urbanismo modernista traz as emissões das cidades (causadas pelo seu desenvolvimento) e viabilidade política para a implantação de mudanças a favor do clima só virá com uma base econômica para essa transição.

“Tudo isso implica em mudanças de cultura e comportamento. Precisamos caminhar neste sentido em busca de um futuro melhor” – comentou o Deputado.

Crise da água em SP continua em 2015

Citada por todos os palestrantes que passaram pelo evento Cidades Verdes,  a falta de água em São Paulo mostrou como já estamos frágeis em relação às consequências climáticas. O secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação, Carlos Nobre, ressaltou que a situação é preocupante.

“Se chover dentro da média, o Sistema Cantareira estará, em julho de 2015, com 10% de sua capacidade. São Paulo hoje tem um clima totalmente diferente, está 3,5 graus mais quente”– afirmou o secretário.

Reinvenção das cidades para o reordenamento urbano

Para o especialista em Competitividade Industrial e Investimento do Sistema FIRJAN, Riley Rodrigues, para serem consideradas cidades verdes, as cidades precisam mudar seus hábitos.

“O setor industrial também depende de uma cidade bem ordenada, economicamente viável, desenvolvida. Se não pensarmos de uma forma global, não poderemos resolver os problemas locais com eficiência” – afirmou Riley, que enfatizou a ainda a existência de projetos a favor destas mudanças e a falta de execução dos mesmos.

Presidente da Comlurb destaca papel do consumidor na coleta seletiva

Carlos Vinicius de Sá Roriz, Presidente da Comlurb, foi o primeiro a falar no painel sobre as emissões de gases de efeito estufa provenientes do lixo e da construção civil. Até 2018, a meta da companhia é reduzir em 25% o volume de lixo enviado para o Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica.

“Tem cidade que ainda está vivendo a era do lixão. O Rio, pelo menos, já consegue mandar os resíduos para um lugar adequado, onde a captação do chorume e a preparação da captação do gás metano são corretas. Nosso desafio é mandar cada vez menos lixo para Seropédica”– comentou Roriz, ressaltando que a coleta seletiva é uma cadeia que começa com o engajamento do consumidor na separação do lixo. Segundo ele, o custo médio por tonelada de lixo na Zona Sul do Rio gira em torno de R$ 70 mil. Na Zona Oeste, este número chega perto de R$ 130 mil.

A Conferência Cidades Verdes contou com muitas outras discussões interessantes. Os resumos de todos os painéis podem ser acessados no site oficial do evento.

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