Desde o início da atuação do Green Building Council no Brasil, as edificações comerciais corporativas despontam como a principal tipologia a buscar a certificação internacional LEED. Hoje, praticamente todo edifício comercial corporativo que é lançado no Brasil já tem seu projeto registrado. Nos últimos anos, porém, outros segmentos passaram a registrar seus projetos, o que culminou no aumento da diversidade de tipologias que buscam a certificação LEED.
A diminuição dos custos operacionais e o aumento da velocidade de ocupação desses projetos são alguns dos motivos para que mais tipologias busquem o LEED. Data centers, lojas de varejo, shoppings, bancos e até supermercados são alguns exemplos das novas tipologias que estão buscando a certificação. A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas Rio 2016 também contribuíram para o aumento do registro de instalações esportivas, visto que os novos estádios de futebol e todas as construções olímpicas com estruturas permanentes foram certificados.
Conversamos com Agatha Carvalho – coordenadora técnica do GBC Brasil –, que nos deu mais informações sobre essa relação “tipologias versus LEED”.
1) Por que diferentes tipologias passaram a buscar a certificação LEED?
A disseminação dos conceitos de sustentabilidade em diversos segmentos e tipologias da construção civil se deve à atuação de lideranças interdependentes dos profissionais e empresas. Houve também a mudança do mindset do mercado da construção civil, que passou a considerar o custo do ciclo de vida de uma edificação, e não o custo da edificação apenas; a maturidade e consolidação das práticas e conceitos de construção sustentável junto aos principais stakeholders da construção civil; os incentivos públicos e privados criados nas esferas municipal, estadual e federal; pesquisas e dados reais, como os da Geoimovel, divulgados em agosto de 2016, comprovando os diferenciais econômicos dos Green Buildings em comparação aos padrões adotados pelo mercado, entre outros. Todos esses fatores culminaram no crescimento sólido do mercado da construção sustentável, e por isso podemos dizer que passamos inabaláveis pelo ano de 2016 e começamos o ano de 2017 com o pé direito. Além dos fatores apresentados anteriormente, outro elemento preponderante é a qualificação dos profissionais de mercado, pois é uma condição para a quebra de paradigmas, desmitificação de conceitos, atualização de informações, entre outros fatores, que se tornam ainda uma barreira para a adoção das certificações.
No entanto, o Secovi Rio, juntamente com o GBC Brasil, está desde 2015 atuando fortemente neste mercado de “recapacitação” dos profissionais, com o intuito de continuarmos acelerando esta curva de crescimento. Atualmente os dados demonstram que estamos fazendo isso com maestria, pois o Estado do Rio de Janeiro é o segundo maior em números LEED.
2) Você acredita que a construção sustentável pode atingir nichos de mercado tradicionalmente resistentes?
Não acredito, tenho certeza! Em 2014, lançamos de forma despretensiosa um guia, o “Referencial GBC Brasil Casa”, voltado ao mercado residencial, para que fosse adotado ou referendado pelos municípios para doação de políticas públicas, manuais de construção etc. Atualmente, a cada três semanas, um projeto é registrado. Vale ressaltar a dificuldade que é a disseminação da informação junto a um mercado com vários “interlocutores”, realizado de maneira informal. Ou seja, o desafio para esse nicho era e ainda é enorme e está conseguindo excelentes resultados.
Em todos os nichos há oportunidades para que as edificações apresentem uma melhor taxa de vacância, valorização do metro quadrado, retenção do inquilino, melhora no desempenho produtivo ou na qualidade de bem-estar do indivíduo e redução na taxa do condomínio e na operação.
Além disso, como mencionei no começo, o mindset do consumidor está mudando, exigindo maior qualidade e um diferencial no produto, por isso é uma “necessidade” do mercado a adoção desses fatores para que possam sobreviver às turbulências pelas quais estamos passando.
3) Quais tipologias tiveram o maior crescimento nos últimos anos?
O mercado da construção demonstra estar cada vez mais consciente de que investir em sustentabilidade significa focar na eficiência através da preservação e otimização dos recursos naturais. O aumento da diversidade de tipologias em busca de uma certificação ambiental internacional, como o LEED, apenas atesta o crescimento dessa conscientização e aponta que o mercado está no caminho certo.
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