Diretor do GBC Brasil fala sobre a consolidação do conceito no segmento corporativo e residencial
“O Rio de Janeiro é um destaque, no País, no desenvolvimento do mercado da construção sustentável.” Esta é a visão do diretor do GBC Brasil, Felipe Faria, que também acredita na força do conceito de construção sustentável no mercado brasileiro, principalmente quando falamos da área corporativa. Em entrevista ao portal Rio Capital da Energia, Felipe conta que a expectativa é que a consciência da importância da sustentabilidade nas construções alcance o segmento residencial de forma mais sólida nos próximos anos.
Confira abaixo os principais pontos abordados na entrevista:
Rio Capital da Energia (RCE) – A construção e reforma de imóveis com conceito sustentável já é uma realidade no Brasil ou ainda estamos engatinhando nessas iniciativas?
Felipe Faria – O conceito de construção sustentável já é uma forte realidade no mercado brasileiro. Apesar de uma predominância de projetos no segmento de edificações corporativas, o movimento da construção sustentável está presente em edificações de tipologias diversas, como plantas industriais, centros de distribuição e logística, shopping centers, hotéis, restaurantes, arenas esportivas, edificações públicas, museus, laboratórios, escolas, prédios existentes, residências, obras de infraestrutura, enfim, temos ótimos exemplos em diversos tipos de edificações. Recentemente, em parceria com a consultoria EY, o GBC Brasil desenvolveu um estudo de mercado visando quantificar o impacto econômico, no PIB nacional, da construção das edificações que buscam, ou foram certificados, pelo Selo Internacional LEED. O resultado foi animador uma vez que, hoje, essas construções representam cerca de 10% do PIB da construção.
RCE – O que define uma construção sustentável?
Felipe Faria – Em suma, o atendimento às práticas de construção sustentável nas áreas de eficiência energética, uso racional de água, uso de materiais de baixo impacto ambiental, qualidade ambiental interna, geração de energia renovável, gerenciamento dos resíduos da construção e práticas de arquitetura e site sustentáveis.
RCE – Quais são os desafios para que o Brasil evolua na sustentabilidade das edificações?
Felipe Faria – Acreditamos que a disseminação da informação é o grande desafio, é importante conscientizar as pessoas de que o maior custo da edificação em seu ciclo de vida não é a construção e sim sua operação. Os consumidores devem ter consciência desta diferença entre custo de construção e custo de edificação, clamando por eficiência, qualidade e mitigação de impactos sócio ambientais, ao mesmo tempo em que devem reconhecer os esforços coerentes, iniciativas e ações dos agentes do setor neste sentido. O alinhamento destas intenções nos proporcionará a aceleração do processo de elevação do padrão técnico do mercado como um todo, redução do consumo de recursos naturais, aumento das preocupações com a saúde de usuários e ganhos econômicos.
O papel do governo também é crucial neste sentido, através de políticas públicas de fomento, leis de cunho mandatório, fiscalização para verificação de atendimento de normas técnicas, estabelecimento de incentivos administrativos, tributários e financeiros e ações de conscientização.
RCE – Como o GBC Brasil tem contribuído para a superação desses desafios?
Felipe Faria – Uma das áreas prioritárias de atuação do GBC Brasil é a capacitação profissional e disseminação da informação. Em termos de capacitação, criamos nosso Programa Nacional de Educação no início de 2008 e temos o orgulho de informar que já participaram mais de 56.000 profissionais de todo o Brasil. No que diz respeito à disseminação da informação, uma das ferramentas da ONG foi a criação da nossa Conferência Internacional e Expo, Greenbuilding Brasil.
O avanço e impacto deste segmento é tão grande que nossa 5ª edição, que ocorrerá na primeira semana de agosto, espera um público de cerca de 10.000 visitantes, 120 expositores, 120 palestrantes e 1600 conferencistas. A ONG vem recebendo propostas de palestras vindas de todos os continentes do mundo, uma vez que o movimento da construção sustentável no Brasil é destaque no cenário internacional.
Clique aqui e confira como as certificações LEED cresceram no Brasil em 2013.
RCE – Qual a expectativa em relação à evolução da sustentabilidade da construção civil no Rio?
Felipe Faria – Acreditamos que o setor privado seguirá apoiando a construção sustentável como demanda nas edificações corporativas, onde destacamos o projeto de revitalização do Porto Maravilha e os projetos a serem desenvolvidos na região, os novos museus do Rio de Janeiro e plantas industriais em regiões incentivadas. Alinhado às ações do poder público de investimento em mobilidade e infraestrutura de forma planejada, definição de políticas de incentivos fiscais e determinação de diretrizes junto aos Projetos Olímpicos, identificamos que, brevemente, o movimento fortalecerá suas raízes no segmento residencial, que representa o maior volume construtivo do país.
*Fonte: Governo Do Rio de Janeiro – Portal Rio Capital de Energia